Saturday, December 14, 2013

Interview [Juliana Galthèri]


A autora do livro O Grupo de Giovanna Panthera, Juliana Galthèri, gentilmente aceitou o convite para um entrevista aqui no blog. Nessa entrevista, ela fala sobre muitos detalhes da obra e também sobre os seus próximos trabalhos que estão em andamento. Quero agradecer mais uma vez a essa grande escritora por sua disponibilidade, espontaneidade e sobretudo simpatia! Segue a entrevista:



Gabriel (S79) .: Boa noite, Juliana-kun! É uma imensa honra te entrevistar essa noite!

Juliana .: Boa noite, Gabriel-kun!

Obrigada, mas a honra é minha de ter sido convidada a participar de seu blog! Obrigada pelo amável convite.

Gabriel (S79) .: Juliana, vamos começar falando sobre o seu livro mais recente, O Grupo de Giovanna Panthera. Quando foi que começou a escrevê-lo e quais foram as suas inspirações?

Juliana .: Bom...

Eu comecei a escrevê-lo em um inverno rigosoro e chuvoso que passei em um vilarejo a sudeste da capital de São Paulo, no ano de 2010. Eu já o tinha em mente há bastante tempo, vez que essa história é baseada em um emaranhado de histórias com os mesmos personagens que eu costumava contar a uma amiga para passarmos o tempo. Eu me inspirei a escrever esse livro ouvindo radio, uma música antiga -e um tanto melosa! rs- de Chris De'Burgh chamada The Lady in Red. Mas a inspiração para a criação da história mesmo foi tédio escolar e posteriormente a doença dessa minha amiga que mencionei, pois notei que acreditar que tudo era possível lhe dava forças para lutar contra o que passava.

Gabriel (S79) .: E esse foi o seu primeiro trabalho como escritora ou você já havia publicado algo?

Juliana .: Por volta de 2002, creio, escrevi o esboço dessa mesma história e cheguei até mesmo a oferecer para algumas editoras, que obviamente o recusaram... Sabe, relendo esse esboço eu tive de concordar completamente com eles! (risos)

Gabriel (S79) .: Puxa, então, se era o esboço da mesma história, quais foram as principais diferenças entre ele e o seu livro já publicado? Mudou muita coisa? Como você julga o esboço? Gostaria que fizesse uma crítica do seu primeiro esboço.

Juliana .: Muita coisa mudou. A começar pelo fato de que quando eu escrevi esse esboço eu não era a mesma pessoa que eu me tornei ao escrever a primeira parte do livro definitivo, e espero não ser essa mesma pessoa quando escrever a continuação tanto quanto espero que pelo menos alguma parte das pessoas que lerem meu livro deixe de ser o que era antes de fazê-lo.

Houve mudanças na trama e nos próprios personagens, mas, me orgulho da mudança na qualidade da narrativa e na condução da trama, pois foi comparando aquele esboço com o atual que pude me ver, pela primeira vez, com as qualidades necessárias para assumir a possibilidade de ser uma escritora de fato.

Gabriel (S79) .: Juliana, quais são os personagens principais do seu livro? Gostaria que me falasse detalhadamente da personalidade de cada um deles. 

Juliana .: A história é narrada em primeira pessoa e conta a trajetória de Ingrid, uma adolescente de 14 anos com um temperamento agressivo e um tanto cruel. Também pudera! Ela recebeu uma criação bastante rígida, baseada na inflexibilidade e na força baseada principalmente na resistência e na capacidade de ataque. Em resumo, foi criada para ser uma espécie de guerreira por seu pai policial.

Solitária por opção, a única que conseguia se aproximar realmente dela era sua amiga de infância, Agatha, que é uma personagem bastante feminina, apesar de ter a mesma idade de Ingrid. Eu acho interessante a personalidade dessa personagem por conta dos extremos emocionais que ela atinge com as atitudes e decisões que vai tomando ao longo do livro, apesar de não ter tido muito destaque nesse primeiro livro.

Juntas elas conhecem Phillip, de 19 anos, que a princípio aparenta ser o típico bom menino, sensível e dedicado, mas que em seguida apresenta uma personalidade oposta a isso. Cansado das maldades e humilhações pungidas por Ingrid, ele arquiteta um plano para não apenas ter a garota para si definitivamente, quanto para se vingar disso tudo. Ainda assim, sua natureza carente e insegura não o permite ser muito mais que um vilão de ocasião, a porta de entrada de Ingrid para um mundo novo formado por homens que são capazes de fazer todas as atrocidades cometidas por Phillip em sua vingança, ações até mesmo infantis. Novamente, são as oscilações de atitude e postura da personagem -Phillip- que dão brilho à mesma.

Obviamente, ao longo da história outras personagens vão surgindo, e cada uma demonstra seu próprio charme, mistério e uma miríade de defeitos -como não poderia ser diferente ao julgar o mundo do qual fazem parte-, mas acredito que os leitores terão mais prazer em descobrirem cada um deles por eles mesmos, ou ainda, que a surpresa aumente minhas chances de receber e-mails desses leitores, o que eu adoro realmente! (risos)

Gabriel (S79) .: Ingrid, Agatha e Philip. Por que escolheu estes nomes? Algum motivo em especial?

Juliana .: Como eu disse, essa história toda começou com pequenas histórias de improviso que eu fazia com minha amiga nos momentos ociosos na escola. Muito das duas primeiras personagens foi baseado em nós mesmas.

Ingrid era um nome que meu pai queria me dar, por causa da atriz suéca dos anos 50, Ingrid Bergman... A parte engraçada é que minha amiga era muito mais parecida com essa atriz do que eu. A linha de raciocínio de minha amiga foi a mesma, e Agatha era o nome alternativo escolhido pelos pais dela, pois o achavam muito bonito.

Quanto a Phillip, este foi escolhido ao acaso por meu subconsciente, já que esse personagem nasceu de um pesadelo, literalmente, apesar de eu acreditar que o fato de nós duas passarmos o dia inteiro praticamente ouvindo Phil Collins tenha colaborado para isso.

Gabriel (S79) .: Mesmo? Poderia falar mais sobre esse pesadelo?

Juliana .: Claro.

Desde muito jovem eu sempre tive mais pesadelos do que sonhos, tantos que acabei me acostumando com eles.

A ideia de criar essas histórias nasceu de um pesadelo dividido em capítulos. O que aconteceu ao longo dessa série de pesadelos não ficou muito diferente do que foi para o livro, exceto pelo fato de que Agatha e Ingrid ainda não existiam, e era apenas eu fugindo de um perseguidor apaixonado que atirava muito bem e que tinha muitos subalternos criminosos. A série de pesadelos, como de costume para meus pesadelos, acabou quando consegui matá-lo. Ainda assim, achei essa série de pesadelos bastante emocionante e a converti em história, em seguida tendo a participação de minha amiga, com a entrada de sua personagem Agatha na história.

Gabriel (S79) .: Nossa. Interessante.

Como foi o processo para escrever seu livro? Você tinha algum ritual antes de escrever ou escrevia conforme as ideias lhe ocorriam?

Juliana .: Obrigada! Mas claro que não deixa de ser algo um tanto maluco. (risos)

Eu sempre fugi de serviços domésticos, mas nesse inverno em que escrevi o livro me vi sozinha em casa por meses, e tive de aprender a me virar sozinha. Então criei um cronograma de atividades domésticas e isso acabou virando uma espécie de ritual para escrever o livro também. Todos os dias, às 9 da noite eu encerrava minhas atividades do dia e ia tomar um bom banho quentinho. Durante o banho lembrava do trecho onde parei na história e ficava pensando nos acontecimentos que vinham a seguir e como os exporia. Quando eu sentava junto do computador as coisas fluiam rapidamente, pois era apenas escrever.

Isso sem falar que quando executamos algum trabalho meramente braçal as ideias parecem vir com mais facilidade, por isso ao longo do dia eu também organizava bem o que de noite seria posto no papel.

Gabriel (S79) .: Por volta de quanto tempo demorou para você concluir o livro?

Juliana .: Isso depende.

Para colocá-lo no papel levei cerca de 10 dias. Para criar a história cerca de 8 anos, e para ter a capacidade de fazer da forma como fiz, 24 anos.

Gabriel (S79) .: Após concluir o livro, qual era a sua expectativa? Você ficou muito ansiosa? De que modo ele foi recebido pela crítica? Foi recebido como você esperava?

Juliana .: É interessante você perguntar isso, pois eu nunca tinha parado para ver isso realmente até agora.

Quando eu fiz aquele primeiro esboço eu sonhava em ser uma grande escritora, admirada... Enfim, puro ego.

No segundo livro eu estava mais preocupada em atingir dois objetivos apenas: o de ser capaz de escrever bem, e o de ser capaz de transmitir valores e experiências que me ajudaram a passar por momentos difíceis para quem sabe inspirar alguém que se visse em um momento complicado em sua própria vida, já que entre um livro e outro acabei criando a crença inabalável de que é apenas para isso que as artes servem de fato. É isso que as faz serem grandiosas e nobres, e que obriga seus representantes a se comprometerem a estarem à altura disso tudo.

Claro que volta e meia me pegava desejando infantilmente muito que a obra fosse lida por milhares de pessoas e comentada por uma centena pelo menos, mas não era meu foco principal.

As críticas foram bastante positivas, tanto que até hoje só recebi uma crítica negativa, então posso dizer que a recepção que meu livro teve foi muito além, positivamente, de minhas expectativas.

Gabriel (S79) .: Você comentou sobre uma continuação. Já planejava isso desde o início ou as circunstâncias te motivaram a prosseguir?

Juliana .: Para você ter ideia, o primeiro livro, o esboço, tinha 232 páginas no formato A4 -que é uma folha de sulfite. Quando escrevi esse livro me vi passar essa marca e não ter chego nem a ⅓ da história. Então acabei concluindo que uma continuação seria inevitável.

Posteriormente, analisando o mercado editorial, notei que isso até que seria vantajoso, pois essa é a atual tendência, mesmo que diversos outros escritores incríveis já tenham se valido desse formato no passado.

Gabriel (S79) .: Eu gostei da capa do seu livro. Foi você mesma que a escolheu? O que representa esse desenho?


Juliana .: Muito obrigada, porque na verdade fui eu que a fiz, inspirada em uma música que só conheci o nome anos depois, com a ajuda de um grande amigo meu.

E sim, a música me inspira para praticamente tudo!

Eu gosto de símbolos, e crio símbolos inspirada principalmente em símbolos alquímicos para praticamente todas as histórias ou projetos pessoais importantes que invento.

Como sempre fui fascinada pela rosa dos ventos, achei interessante usar ela como base para o símbolo, algo que unisse tudo.

Cada uma das extremidades representa uma das Casas/Famílias/Tradições que compõem a máfia do cenário da história, e por isso cada um desses símbolos menores representa as características dessas Casas que são expostas ao longo da história.

Gabriel (S79) .: Interessante mencionar isso. Você classifica seu livro sendo de qual gênero?

Juliana .: Eu o criei para ser um livro de ação, por isso a narrativa dinâmica e rápida, com descrições curtas e objetivas.

Ainda assim, acredito que a mais forte característica de qualquer arte seja obter um significado diferente e pessoal para quem tem acesso a ela, ou seja, a arte só atinge seu objetivo realmente quando a pessoa que a aprecia consegue se identificar de alguma forma com ela de forma íntima.

Conforme o livro começou a ganhar seus leitores e avaliadores eu observei que a personalidade dos personagens e as análises quase filosóficas das protagonistas deram aos leitores a sensação de estarem lendo um livro de desenvolvimento pessoal -tanto que conto com muitos psicólogos que são apaixonados pela história.

Por isso hoje costumo dizer que é um livro de ação que visa transmitir valores pessoais quando me fazem essa pergunta, afinal, o 'cliente' tem sempre razão! (risos)

Gabriel (S79) .: Agora, terei que fazer as inevitáveis perguntas clichê (>.<). Para começar, quais são os seus escritores favoritos?

Juliana .: Oh! Pobre de mim! (risos)

Bom, essa é pergunta mais difícil até agora, sem dúvida, porque eu sou daquelas que quando lê um livro fica obcecada pela história e não tem paz até ela terminar, pra depois ficar se sentindo meio vazia por não ter o que ler, até encontrar o livro seguinte e começar o ciclo todo de novo, e o livro novo se tornar tão incrível quanto o anterior, junto com seu escritor.

Eu poderia dizer que gosto muito de Agatha Christie, mas a verdade é que eu gosto de escrever de forma mais dinâmica porque gosto mais desse tipo de leitura, de maneira que os livros dela que envolvem Tommy e Tuppence Beresford são os únicos que gosto realmente.

Sempre gostei muito também da série de Maurice LeBlanc, com seu personagem Arsenè Lupin.

E os cito mais pela influência que exerceram, já que realmente não conseguiria citar favoritos sem fazer uma lista interminável.

Gabriel (S79) .: Haha, certo! XD

Qual é a música que você mais tem escutado ultimamente e que tipo de música gosta de ouvir quando vai escrever?

Juliana .: Ando um pouco viciada no álbum mais recente do Daft Punk, mas ouço praticamente de tudo.

Quando vou escrever depende da cena que vou escrever. Como escuto muitas músicas, geralmente as cenas já são imaginadas com trilha sonora definida, então torturo todos que estão próximos ao tocar aquela música infinitamente, pelo tempo em que estiver escrevendo aquela determinada cena.

Gabriel (S79) .: Fora a continuação de O Grupo de Giovanna Panthera você tem algum outro projeto artístico?

Juliana .: Eu sou muito apegada emocionalmente a esses personagens, então não me vejo escrevendo coisas diferentes tão cedo.

Mas, ainda no campo da arte, gosto muito de cantar, e volta e meia participo de alguma criação de um amigo músico que tenho e gosto de fazer artesanatos, se é que isso conta! (risos)

Gabriel (S79) .: É claro que conta! XD

Qual coisa você não vive sem?

Juliana .: Ar, com certeza. Mas tem a água e as batatas fritas também. (risos)

Falando sério, seria o fim para mim se um dia eu não pudesse ouvir mais música, ou não pudesse mais ver as coisas bonitas que gosto de ver, como nuvens, por exemplo, ou aquele reflexo azulado bonito que as plantas ganham com o sol de outono.

Gabriel (S79) .: Por falar nisso, qual é a sua estação do ano preferida e por quê?

Juliana .: O outono, justamente por causa da beleza que se vê nessa estação. As pessoas mais bem vestidas, mais calmas. As árvores que começam a adormecer, as nuvens gigantes brancas e cheia de voltinhas... Acho que a natureza toda fica muito bonita nessa estação, e acaba transmitindo uma serenidade única.

Gabriel (S79) .: Seu momento do dia favorito é?

Juliana .: Aquele breve momento em que o dia é rapidamente recapitulado pela mente em um estágio de quase inconsciência, onde realidade e imaginário se misturam, e fica aquela sensação de um dia bem aproveitado.

Gabriel (S79) .: Gostaria de deixar uma frase que goste ou um conselho para quem estiver lendo?

Juliana .: Gostaria de dividir com as pessoas que estão nos lendo uma crença pessoal que talvez tenha alguma valia para elas:

O sucesso depende mais daquela sensação de paz por termos a consciência limpa e as partes que nos compõem -emocional, racional e físico- em equilíbrio do que o caminho que traçamos, e ninguém nunca pode tomar de você algo que lhe pertence.

Tudo o que você precisa para conseguir o que quer está ai, dentro de você, o tempo todo, basta que você abra os olhos e encontre. Use isso, não as pessoas, pois você jamais é uma vítima a menos que exponha seus pontos vulneráveis para as pessoas, mas pode ser um agressor ao se aproveitar do que expõem para você.

Gabriel (S79) .: Como eu faço para adquirir o seu livro, Juliana-san?

Juliana .: Bom, eu não concordo com a visão das editoras que se interessaram pelo meu livro e optei por ser uma escritora independente, então a única forma por hora é pelo site www.agbook.com.br, algo que eu espero melhorar em um futuro próximo, claro.

Gabriel (S79) .: Juliana-san, quero agradecer imensamente por sua disponibilidade em participar dessa entrevista. Muito obrigado mesmo! Tem algum artista ou álbum que você gostaria de ver aqui no blog?

Juliana .: Eu que agradeço ter me convidado e toda a atenção que teve comigo e que estou certa de que seus leitores terão.

Tem um álbum que nunca encontrei para comprar do Kenji Kawai, que é a trilha sonora de Makoto. Ouvi uma vez uma música desse álbum, e achei ótima, acredito que vão gostar. Muito obrigada mais uma vez. ^^

=-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-==-=

Você pode entrar em contato com Juliana Galthèri através deste e-mail: juliana.galtheri@hotmail.com

No comments:

Post a Comment

Support your favourite artist. Buy at: