Tuesday, December 03, 2013

O Grupo de Giovanna Panthera [Juliana Galthèri]



Quando Phillip viu Ingrid pela primeira vez jurou a si mesmo que a teria para si e que, de alguma maneira, se tornaria único e inesquecível em sua vida, pois a marcaria de forma profunda e indelével. Por tal objetivo ele foi capaz de fazer tudo quanto sua mente conseguiu imaginar, até que as idéias que lhe acometiam fossem distorcidas pela dor da rejeição que aquela garota lhe dedicava cada vez que lhe via, e a decisão que ele tomou mudou completamente a vida dela, atingindo enfim seu objetivo, mas não exatamente da maneira como ele gostaria que fosse. Somos todos movidos por nossos sentimentos, e os limites que impomos a eles em geral determinam os limites de nossas ações, e vice-versa. Mas o que acontece quando a vida que você vive lhe atribui poder o bastante para se sentir dono da vida de qualquer outra pessoa que seus olhos forem capazes de encontrar?


Situada em uma São Paulo comandada incognitamente por uma organização criminosa repleta de códigos e valores perdidos por muitos segmentos de nossa sociedade, acompanharemos a jornada de Ingrid, uma adolescente criada por um policial para seguir o legado de sua família, mas que se vê presa ao lado oposto de tal guerra após a retaliação de Phillip pelo tratamento recebido dela até então. Neste novo mundo, Ingrid conhecerá novas pessoas e novas formas de viver, e compreenderá, através da convivência com pessoas cujas histórias de vida se mostram tão marcantes e que carregam sentimentos tão emaranhados, que o meio apenas influência o indivíduo quando este se permite trair sua essência.
  
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TRECHO DO LIVRO

–Já deveríamos estar em casa, Agatha. Amanhã você compra seu chocolate –murmurei, dirigindo para casa na volta do shopping onde eu havia levado e acompanhado ela feito uma babá, durante boa parte da noite– Essa hora as coisas já começam a ficar perigosas e eu ainda tenho trabalho para fazer.
  Eu realmente pensei que ela havia compreendido meus argumentos, até vê-la abrindo a porta do carro e saindo, quando paramos em um cruzamento, perto de um posto de gasolina.
   Nunca bati em mulheres, meu pai me ensinou assim. Se eu sabia brigar como um homem, então eu não tinha o direito de erguer a mão contra uma mulher. Mas por Deus, como quis arrastar Agatha pelos cabelos até chegarmos em casa naquele momento!
 E não bastasse o meu nervosismo, logo a vi sendo abordada por um homem armado, que queria as joias que ela ostentava:
–Entregue as joias para ele, Agatha –disse, em um tom que deveria ter sido sombrio demais, pois surpreendeu o assaltante– Joia alguma vale sua vida.
–São minhas joias! –protestou ela, afastando-se do homem armado– Não sabe com quem está falando não? É burro demais para saber onde se meteu, seu pé de chinelo?! Trabalhamos para o Quarto Poder!
 Meneei a cabeça em negativo, enquanto o homem nos olhou, ainda mais assustado que antes:
–É verdade? –em todo o meu tempo de serviço, a coisa que sempre achei mais curiosa era como a simples menção do título ‘Quarto Poder’ era capaz de fazer as pessoas entrarem em pânico, de maneira que sequer questionavam de fato a veracidade da alegação, apenas fazendo perguntas que nada comprovariam.
–Na verdade apenas eu, ela é nossa protegida –murmurei, erguendo lentamente o blazer negro para mostrar a arma– Abaixa isso. Se você conversar que nem gente comigo, eu talvez até lhe arrume um lugar conosco. O que acha?
–Vai me matar quando eu virar as costas, é sempre assim –sua voz saiu trêmula, como sua própria mão estava, enquanto ele recuava sem, entretanto, me dar as costas.
 Suspirei. Na verdade minha vontade naquele momento era dar Agatha de presente para ele, tamanha era minha falta de tolerância para a inconsequência dela:
–Já ouviu falar de Rubens? O dirigente desse bairro? –vendo que ele aquiesceu, prossegui– Eu ligo para ele agora, na sua frente, e o informo de seu mais novo subalterno. E... Uhm... Vejamos... –aproveitando-me da distração de Agatha, e também para dispersar parte do nervosismo, agarrei o colar de ouro que ela usava, arrebentando-o e estendendo-o para o bandido– Passe isso para frente bem rápido. É uma espécie de presente, por seu sigilo e controle. O que me diz?
 Obviamente ele desconfiou da ‘generosidade’ da oferta, hesitando ainda:
–E por que a senhora faria isso?
–Porque eu posso. Como eu disse, eu sou do Quarto Poder, e realmente não quero atritos com bandidos essa noite. Você parece um bom homem, apenas meio confuso, por isso prefiro o ver trabalhando para mim do que ter o trabalho de me livrar do seu corpo.
 Agatha pareceu não mais conseguir assistir passiva tudo aquilo, vendo sua corrente pendurada entre meus dedos, por isso, assim que ela notou que eu estava com a atenção voltada ao assaltante, jogou-se sobre meu braço direito, agarrando a corrente para tomá-la de mim.
 Isso, obviamente, deu a vantagem que o assaltante esperava e ele mirou a arma contra mim.
 Seu único erro foi falar antes de atirar, um erro muito mais comum do que parece:
–Se você é do Quarto Poder, deve valer uma grana alta!
 Puxei meu braço direito para a esquerda, trazendo Agatha com ele de maneira que a jogasse no chão, enquanto a mão esquerda tomava a arma, por debaixo do braço que se virava, dando tempo de atirar contra o homem, que ainda tremia e errara o primeiro tiro.
 O disparo foi muito próximo de Agatha que ainda caia, de maneira que a dor que ela sentiu pelo estampido a empalideceu. Mas eu estava furiosa demais para me preocupar com a saúde dela, apenas apontando o carro.
 Quando notei que ela não me obedeceria, disse alto, enquanto pegava o celular:
–Ou entra nesse maldito carro, ou juro que lhe amarro no para-choque e lhe arrasto até nossa casa. Eu não estou brincando, Agatha. Você quase nos matou agora.
 Ela reclamou e emburrou, mas obedeceu. Naquele momento de raiva, era apenas isso o que realmente importava.
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SOBRE A AUTORA

Nascida ao dia 24 de Novembro de 1984, em São Paulo, estreia sua carreira de escritora com a obra 'O Grupo de Giovanna Panthera'.

Com a utilização dos cenários de sua própria cidade, ela mescla ficção com realidade, estabelecendo relacionamentos complexos entre suas personagens, e destes consegue extrair a essência de cada uma delas, expressando os valores humanos de forma incomum, porém de maneira marcante e cativante.





LIVRO COMPLETO

1 comment:

  1. Eu acho esse livro incrível! Mas claro que ninguém vai levar a sério pq fui eu que escrevi 0.0'

    Muito obrigada pela inesperada publicação, Keichan!

    ReplyDelete

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